A Polícia Federal (PF) revelou nesta quarta-feira (20) que encontrou um contrato de R$ 900 mil para reforma da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, localizada em Angra dos Reis (RJ). O documento foi localizado durante as investigações sobre a tentativa de golpe em 2022, em uma pasta apreendida na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília (DF).
O contrato, embora não assinado pelo ex-presidente, veio à tona após Bolsonaro confirmar, por meio de uma postagem na rede social X, que efetuou o pagamento de R$ 900 mil via PIX para a reforma do imóvel. A declaração gerou repercussão imediata, uma vez que, nas eleições de 2022, o mesmo imóvel foi declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o valor de R$ 98.500.
A descoberta e os desdobramentos
Os documentos encontrados pela PF na sede do PL integram o conjunto de provas relacionadas à apuração de eventos que cercaram a tentativa de subversão da ordem democrática após o resultado das eleições de 2022. Segundo fontes ligadas ao caso, o contrato de reforma foi identificado como pertencente à residência de Bolsonaro em Angra dos Reis, mas não apresenta assinatura direta do ex-presidente.
Em um comunicado publicado no X, Bolsonaro admitiu os pagamentos, mas não forneceu detalhes sobre a origem dos recursos ou sobre a discrepância entre o valor da reforma e o preço declarado do imóvel.
“Realizei o pagamento da reforma por meio de PIX, e tudo foi feito de forma transparente”, declarou Bolsonaro na rede social.
Inconsistências na declaração de bens
A declaração de bens de Bolsonaro, apresentada ao TSE em 2022, listava a residência de Angra dos Reis com um valor de R$ 98.500, o que é significativamente inferior ao valor investido na reforma. Especialistas em patrimônio apontam que uma obra de tal magnitude deveria ser devidamente informada às autoridades fiscais e eleitorais.
“A realização de uma reforma de quase R$ 1 milhão em um imóvel de valor tão inferior gera questionamentos sobre a compatibilidade econômica e pode indicar possíveis irregularidades”, afirmou um analista consultado.
Implicações políticas e jurídicas
Bolsonaro, atualmente inelegível devido a condenações no Tribunal Superior Eleitoral, enfrenta uma série de investigações, incluindo casos envolvendo joias sauditas, imóveis da União, e agora, a reforma da casa em Angra dos Reis. O episódio reforça a pressão sobre o ex-presidente, que já responde a acusações de abuso de poder político e econômico.
Parlamentares da oposição reagiram ao caso, pedindo que a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU) investiguem a origem dos recursos empregados na reforma.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro argumentam que o caso está sendo usado para fins políticos. “É mais um ataque infundado para prejudicar a imagem de um líder que sempre agiu com transparência”, disse um deputado do PL.
A Polícia Federal segue investigando a origem do contrato e possíveis conexões com outros casos sob apuração. A discrepância nos valores declarados e os pagamentos efetuados levantam suspeitas sobre a real situação financeira do ex-presidente, que pode ser convocado a prestar esclarecimentos.
Com o caso ganhando novos contornos, cresce a pressão por respostas que possam esclarecer a amplitude das transações financeiras do ex-presidente e possíveis impactos em seu círculo político.