UFAM recebe dentes molares de mastodontes encontrados em Eirunepé: uma janela para o passado amazônico


A Universidade Federal do Amazonas (UFAM), por meio do setor de Paleontologia do Departamento de Geociências, recebeu uma doação especial de fósseis durante uma visita à cidade de Eirunepé, no sudoeste do Amazonas. Dois dentes molares de mastodontes, antigos parentes dos elefantes, foram entregues à equipe da UFAM entre os dias 26 e 29 de outubro, durante a visita da geóloga e paleontóloga Rosemery Rocha da Silveira, professora da instituição.

Os fósseis, encontrados às margens do Rio Juruá, são considerados um achado valioso para o estudo paleontológico da região. Um dos dentes foi descoberto recentemente, em setembro de 2024, em uma área conhecida como "pedral", localizada em frente à cidade. O coletor, Plemito Bastos Oliveira, encontrou o fóssil durante a última vazante do rio. O outro dente foi achado em 1986 pelo morador Edilim Gomes Brito, em uma pedreira na comunidade Três Unidos. Este dente foi doado primeiramente à missionária Cristina Groth e, posteriormente, entregue à UFAM em 1988.

A importância da conscientização sobre o patrimônio paleontológico

Segundo a professora Rosemery Rocha, a doação dos fósseis representa um passo importante para preservar e estudar o patrimônio paleontológico da região. "Quando alguém encontra um fóssil, é natural sentir uma empolgação que pode levar a tentar desenterrá-lo por conta própria. Mas isso muitas vezes acaba danificando o material e removendo informações preciosas sobre o ambiente em que o organismo viveu e o contexto geológico que poderia revelar sua história", explicou a professora.

Ela ressaltou a importância de conscientizar a população sobre a preservação de fósseis e alertou que a comercialização desses itens é crime. A UFAM incentiva a colaboração dos moradores locais para preservar e estudar os achados, disponibilizando um contato para aqueles que encontrarem fósseis na região.

Vazantes e o desvendamento de fósseis

A recente vazante do Rio Juruá permitiu a exposição de novas áreas rochosas, o que facilitou o encontro de fósseis em locais antes submersos. De acordo com a professora Rosemery, embora não seja frequente encontrar fósseis, as bacias sedimentares e áreas próximas aos rios oferecem condições favoráveis para esse tipo de descoberta.

Ela também destacou que a região de Eirunepé, devido às suas características geológicas, já apresentou outros achados importantes em anos de estiagem intensa, como em 1998. Na ocasião, vértebras, dentes e fragmentos ósseos de grandes animais, como jacarés gigantes e preguiças, foram doados ao Laboratório de Paleontologia da UFAM, reforçando o potencial paleontológico da área.

Uma janela para a história amazônica

Os dentes de mastodontes e outros fósseis coletados em Eirunepé abrem uma janela para o passado da Amazônia, proporcionando dados sobre a fauna que habitava a região há milhares de anos. Cada descoberta é uma peça que ajuda a reconstruir o mosaico da história natural da Amazônia, uma região que, além de sua rica biodiversidade atual, guarda em seu subsolo registros fascinantes de tempos passados.

Para aqueles que encontrarem fósseis ou tiverem curiosidade sobre o tema, o Departamento de Geociências da UFAM está disponível para orientações e esclarecimentos sobre como proceder com esses achados, preservando o patrimônio e a história paleontológica do Amazonas.

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