Envira (AM) — O Ministério Público Federal, por meio do Procurador da República no Amazonas, Victor Carvalho Veggi, instaurou um inquérito civil para investigar a contaminação das águas de igarapés que cortam as aldeias Pupunha, Alegria e Alegria Nova, situadas no município de Envira. Esses igarapés, essenciais para o sustento e a qualidade de vida das comunidades indígenas Madiha Kulina, têm sido afetados por atividades relacionadas ao setor agropecuário, o que levanta preocupações sobre o impacto ambiental e social dessa prática.
As aldeias de povos tradicionais, como os Madiha Kulina, dependem diretamente dos recursos hídricos para atividades de pesca, abastecimento e usos domésticos. Entretanto, o avanço das atividades pecuárias e agrícolas nas proximidades desses territórios traz um risco potencial para a qualidade da água, expondo os indígenas a perigos de saúde devido à poluição e ao uso de agrotóxicos.
O procurador Victor Carvalho Veggi destaca que o objetivo do inquérito é compreender a extensão da contaminação e identificar possíveis responsáveis pela degradação ambiental na região. Em paralelo, também se espera que o estudo promova uma análise das práticas agropecuárias locais, visando identificar alternativas que possam reduzir os impactos sobre o meio ambiente e respeitar a integridade dos territórios indígenas.
O caso revela um problema ambiental mais amplo, que se estende a várias comunidades da Amazônia, onde atividades agropecuárias, se não devidamente regulamentadas, podem impactar de forma significativa o ecossistema e as populações tradicionais. A investigação deverá considerar amostras de água e a análise de resíduos provenientes da agropecuária, além de buscar informações junto a lideranças indígenas para subsidiar o inquérito com relatos dos impactos sentidos pelas comunidades.
A contaminação de rios e igarapés que abastecem aldeias indígenas é uma questão de saúde pública e respeito aos direitos das comunidades tradicionais. O inquérito no município de Envira é mais um passo do Ministério Público Federal para assegurar que os direitos dos povos indígenas sobre seu território e recursos naturais sejam protegidos, reforçando a necessidade de uma gestão sustentável e consciente das atividades humanas na floresta amazônica.