Mauro Cid entrega funcionamento do gabinete do ódio de Bolsonaro

Mauro Cid revela funcionamento do 'gabinete do ódio' de Bolsonaro em delação, diz jornal


O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, tornou-se uma figura central nas investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu governo. Em um acordo de delação premiada, Cid detalhou o funcionamento do notório "gabinete do ódio" do governo, que supostamente orquestrava ataques a adversários políticos por meio das redes sociais. O impacto das revelações de Cid é significativo, pois ele tinha acesso direto ao Palácio do Planalto e esteve ao lado de Bolsonaro em diversas ocasiões.

De acordo com informações publicadas pelo jornal O Globo, a Polícia Federal (PF) exigiu que Mauro Cid detalhasse o papel desempenhado por cada ex-assessor de Bolsonaro no esquema montado no Palácio do Planalto. O "gabinete do ódio" era supostamente responsável por disseminar informações difamatórias e promover campanhas de desinformação visando prejudicar os opositores do governo por meio das redes sociais. A identificação dos membros deste grupo era uma das condições para a homologação do acordo de delação, o que ocorreu em setembro.

Cid também teria fornecido informações sobre a relação dos integrantes do "gabinete do ódio" com os membros da família Bolsonaro, acrescentando um elemento adicional de complexidade às investigações.

Além disso, a delação de Cid já revelou outros escândalos, como a venda ilegal de joias sauditas, fraude nos cartões de vacinação no sistema do Ministério da Saúde e a tentativa de um suposto golpe de Estado após a divulgação dos resultados das eleições do ano passado.

No que se refere ao esquema de fraude nos cartões de vacinação, o tenente-coronel admitiu sua participação e implicou Bolsonaro como o mandante. Cid teria relatado que o ex-presidente solicitou que seus próprios cartões de vacinação e o de sua filha fossem manipulados. Os documentos falsificados foram impressos e entregues a Bolsonaro para uso "conveniente". Segundo Cid, os dados falsos de Bolsonaro e sua filha foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Essas revelações corroboraram as suspeitas da Polícia Federal, que sustentam que Bolsonaro e seus aliados tinham pleno conhecimento das falsificações nos cartões de vacinação. A manipulação de documentos de vacinação teria ocorrido nove dias antes de Bolsonaro viajar para os Estados Unidos, às vésperas da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a covid-19.

Além disso, Cid afirmou ter entregue parte do dinheiro proveniente da venda ilegal de joias no exterior diretamente a Bolsonaro. Ele admitiu sua participação ativa na venda de dois relógios de luxo, Rolex e Patek Phillipe, e alegou que o dinheiro proveniente da comercialização ilegal foi depositado na conta de seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid. Segundo o tenente-coronel, Bolsonaro teria recebido US$ 68 mil em mãos, com pagamentos parcelados nos Estados Unidos e no Brasil.

Outra informação de destaque fornecida por Mauro Cid em sua delação premiada foi a alegação de que Bolsonaro teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas após o segundo turno das eleições presidenciais para discutir a possibilidade de uma intervenção militar com o objetivo de reverter o resultado que elegeu Lula para a Presidência. Isso adiciona um novo elemento à série de alegações que têm surgido sobre a possível influência de Bolsonaro nas Forças Armadas.

Mauro Cid, que atualmente está em prisão domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal, continua sendo uma figura central nas investigações em curso e suas revelações prometem ter um impacto significativo no cenário político do Brasil. A medida em que essas alegações são apuradas e confirmadas, o país enfrentará uma maior turbulência política e questionamentos sobre a integridade do governo anterior.

Este é um resumo das principais informações fornecidas por Mauro Cid em sua delação premiada, que está em andamento e em fase de investigação pelas autoridades competentes.

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