Descaso e Abandono: Comunidades Indígenas do Alto Solimões Clamam por Ação Urgente das Autoridades


Alto Solimões Sofre com Descaso e Abandono das Autoridades Públicas na Região. Franciscanos Capuchinhos Alertam para Situação Precária

As comunidades e lideranças indígenas do Alto do Solimões expuseram ao Ministério Público de Belém uma triste realidade de abandono e precariedade. A vida nessas comunidades é marcada por condições extremamente difíceis, comprometendo a qualidade de vida dos povos locais.

Segundo a denúncia, a população indígena residente em Belém do Solimões, Terra Indígena Eware I e II, no município de Tabatinga, Amazonas, Brasil, clama por ações do governo municipal e estadual. O distrito abriga uma população de 7.274 indígenas das etnias Ticuna e Kokama, totalizando cerca de 1.150 famílias, sendo a maior comunidade indígena do Brasil.


Os Frades Capuchinhos têm colaborado com as lideranças, auxiliando na realização de encontros gerais com movimentos representativos de toda a comunidade. Juntos, elaboraram um documento para expor ao mundo a difícil situação vivida no Alto do Solimões.

"Os Frades Menores Capuchinhos vivem junto aos indígenas, povo Ticuna, e sentem, há anos, o sofrimento desses povos. Nos últimos dois anos, porém, o abandono tem aumentado consideravelmente. Não vemos a presença do governo nessa região, as lideranças que se manifestam com documentos e encontros não têm resultado, o descaso é uma triste realidade", destaca Frei Paolo.

O frade reforça a esperança de que os governos em todas as esferas - municipal, estadual e federal - estejam cientes da situação crítica das aldeias, desprovidas de direitos básicos, e tomem medidas com seriedade, sem retaliações.

A denúncia destaca 10 pontos críticos que exigem atenção imediata para solucionar:

  1. Pontes de madeira em estado precário, representando risco de vida.
  2. Ruas sem pavimentação e condições precárias, prejudicando o acesso a roçados e o escoamento de produtos agrícolas.
  3. Sistema de água deficiente em Belém do Solimões, com a estação de tratamento de água potável (ETA) apresentando falhas e não atendendo a muitos bairros.
  4. Falta de estação de tratamento de esgoto (ETE) comprometendo o saneamento.
  5. Educação com estatísticas muito abaixo da realidade, apesar de contar com três escolas.
  6. Necessidade urgente de recursos na área da saúde, incluindo medicamentos, contratação de profissionais e instrumentos hospitalares.
  7. Alta incidência de alcoolismo, drogas, violência e suicídio, demandando a necessidade de reforço na segurança.
  8. Infraestrutura inadequada do terminal flutuante, carecendo de escadaria, corrimão e iluminação.
  9. Falta de extensão dos postes com redes elétricas para os moradores.
  10. Necessidade urgente de uma central de coleta e reciclagem de lixo e a construção de um aterro sanitário.

O documento da denúncia foi encaminhado na última quinta-feira (09) ao Ministério Público Federal de Tabatinga-AM (MPF) e ao Ministério dos Povos Indígenas, na Secretaria Especial de Saúde Indígena (MPI). A situação precária na educação e saúde em Alto Solimões aguarda resposta urgente das autoridades.

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