OS PACIENTES, OU MELHOR AS VÍTIMAS FORAM ENCONTRADAS NUAS, COMPLETAMENTE DOPADAS, RELATOS DE TORTURA. UM TREMENDO TERROR EM CLÍNICA DE PASTORES EVANGÉLICOS
Dependentes químicos, deficientes intelectuais e idosos viviam um verdadeiro horror dentro de um centro terapêutico comandado por um casal de pastores em Goiás. Cinquenta pacientes, com idades entre 14 e 96 anos, foram resgatados dessa clínica pela Delegacia do Idoso, da Polícia Civil, na última terça-feira (29).
Nos relatos, as vítimas contam que os pacientes com deficiência considerados mais "problemáticos" eram amarrados, levavam banhos de água gelada, tinham suas roupas arrancadas e ficavam nus, como forma de castigo. Também ocorriam agressões físicas e verbais, inclusive com ameaças. Os pacientes da Amparo Centro Terapêutico não recebiam atendimento médico e ficavam nas mãos de poucos funcionários. O local era coordenado por Angelo e Suelen Klaus, casal de pastores da Igreja Batista Vida Nova. Eles mantinham distância dos internos, segundo as testemunhas.
A pastora foi presa, e o pastor está foragido. Ele escapou por um matagal quando a polícia chegou ao estabelecimento. Outras quatro pessoas que trabalhavam no local também foram detidas. Suelen nega que soubesse das torturas e diz que era apenas uma funcionária administrativa. As famílias dos pacientes chegavam a pagar uma mensalidade de R$ 1,3 mil para o casal de pastores, conforme depoimentos e documentos anexados ao inquérito. Os familiares só podiam falar com os internos após 30 dias do início da internação.
Os internos não tinham acesso a toda a chácara e ficavam trancados nos quartos entre as 19h e as 8h. Um dos internos disse que dividia o quarto com outras 20 pessoas, que usavam o mesmo banheiro. O vaso sanitário vivia entupido, e o cheiro era insuportável. As refeições, segundo esse interno, era um pedaço de cuscuz e chá no café da manhã. Já na janta e no almoço, a base era arroz e macarrão, sendo salsicha e frango as opções predominantes de proteína. Raramente havia carne vermelha.