Gibis e HQs contribuem com hábito de leitura de crianças

Ícone da história em quadrinho, Turma da Mônica completa 60 anos e segue na lista dos preferidos

De quadrinho em quadrinho, com diálogos curtos e envolventes, os gibis facilitam a alfabetização de milhares de crianças pelo país. A Turma da Mônica, referência quando se trata do assunto, completa 60 anos em 2023, com 12 milhões de gibis por ano lidos por crianças e adultos. De acordo com a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, em 2019, sobre os hábitos do leitor brasileiro, as crianças do Ensino Fundamental 1 e os jovens da faculdade são os que mais leem histórias em quadrinhos (HQs). A pesquisa revela, ainda, que livros de literatura e HQs estão empatados nas preferências dos entrevistados, perdendo apenas para os jornais.

“A leitura contribui com habilidades socioemocionais que o ser humano precisa aprimorar ao longo da vida, como empatia, senso crítico e noção de pertencimento a partir da identificação com os personagens da história. O apelo visual, a dinâmica ágil da narrativa em quadrinhos e o humor presente no enredo fazem com que o momento da leitura seja prazeroso e descontraído, despertando ainda mais interesse pelos textos”, afirma a professora de Oficina de Leitura e Redação do Colégio Positivo, Liliani Aparecida da Rosa.

Responsáveis pela formação de muitos leitores de gibis, Maurício de Sousa e equipe abordam temas diversos e atuais nas histórias, que agradam a todos os públicos. Sempre com novidades, foi possível manter um público fiel por tantas décadas. Na pesquisa do Instituto Pró-Livro, quando perguntados sobre o último livro que leu ou está lendo, dos 37 títulos mais citados, a Turma da Mônica está em terceiro lugar, empatado com Diário de um Banana.

Quem acompanha as histórias da Turma da Mônica quer mais, e os personagens foram transformados em ícones da cultura pop. Por meio da intertextualidade, os personagens aparecem em diferentes versões, como séries, filmes e obras de arte, como Mônica Monalisa. Segundo levantamento do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual da Agência Nacional do Cinema (Ancine), dos dez filmes mais vistos em 2021, cinco são baseados em personagens nascidos dos quadrinhos, já consagrados no papel e que querem ser vistos na telona.

Outra característica marcante das histórias em quadrinhos é que elas mostram temas complexos para leitores iniciantes de forma mais fácil. Contudo, é preciso que   o conteúdo seja adequado à idade da criança. “Não há dúvidas de que os gibis podem ser fundamentais no processo de incentivo à leitura para crianças, no entanto, pais e professores precisam estar atentos à faixa etária indicativa dos quadrinhos, já que é um universo bastante variado e complexo. Além disso, para que a criança evolua na leitura, é importante disponibilizar outros gêneros narrativos, que apresentam, gradativamente, desafios de leitura.  Por fim, desenvolver o hábito da leitura em crianças e adolescentes é um processo que inicia pela escuta e leitura prazerosa de obras que os agradem e que, de alguma forma, criam memórias afetivas nos jovens leitores”, comenta Liliani. 

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