"O inquérito foi aberto após a representação do médico cardiologista e docente da USP (Universidade de São Paulo) Bruno Caramelli, realizada no início de março. (...) Apesar de diversas entidades médicas terem se posicionado contra o uso desses medicamentos."
A insistência do governo federal no uso do chamado “kit Covid” causou um racha na classe médica. Apesar do conjunto de remédios ser comprovadamente ineficaz contra o coronavírus, a decisão do CFM que permite a utilização de hidroxicloroquina ainda é válida
Liberação sem qualquer evidência científica do “kit-covid” aconteceu no mesmo dia em que Bolsonaro autorizou derrubada de um veto presidencial a pedido de Mauro Luiz Ribeiro.
Sobre a atuação do Conselho Federal de Medicina. O problema maior não é o parecer dado em abril de 2020. O problema é que o CFM usou a autonomia médica como escudo para dar apoio ao governo Bolsonaro e sua política de morte.
Na época da manifestação (Parecer CFM nº 4/2020), o CFM admitiu uso off label de medicamentos sem comprovação. Só que isso foi ao mesmo momento em que o ministério da Saúde distribuiu cloroquina aos estados fez um protocolo para uso em casos graves (atenção: gestão Mandetta!).
O parecer do CFM veio com a pressão política pelo uso dessas drogas sem comprovação científica. Isso ter acontecido junto com o incentivo do ministério da Saúde induziu o uso dos medicamentos ineficazes desde o começo da pandemia.
A questão é que, nos meses seguintes, se acumularam muitas evidências científicas contrárias ao uso dos medicamentos do tal kit-Covid. Comprovação de que não funcionam. De modo que não cabe mais defender autonomia médica como justificativa. O CFM se omitiu para apoiar Bolsonaro.