Por: Fernando Brito
A hidrelétrica de Ilha Solteira é a primeira a “zerar” seu reservatório em razão da crise hídrica. Continuou operando, em baixíssima potência, apenas com a água que flui, no mesmo nível, sem acumular o potencial de armazenamento. Segundo uma fonte, se é que está produzindo, não chega a 10% de seus 3,4 mil MW, que a tornam a sexta maior geradora de eletricidade do país.
O nível do reservatório está agora 1% abaixo do que é considerada a cota mínima e abaixo dos 323 metros de cota que a permitem receber água da Bacia do Rio Tietê, através do Canal Pereira Barreto. Em princípio, a razão é que a vazão de saída da represa não pode ser reduzida para não prejudicar a megausina de Itaipu, no curso abaixo do Rio Paraná.
Há, entretanto, suspeitas de que a vazão foi ampliada para permitir a navegabilidade da hidrovia Tietê-Paraná, prejudicada pelas baixos níveis do Rio e, afinal, suspensa há duas seemanas.
O que está “resolvido” na crise hídrica – e só parcialmente – o da remuneração das empresas produtoras, não o do abastecimento.
Tanto que se postergou, irresponsavelmente, o acionamento máximo das usinas térmicas até junho, para segurar preço, em lugar de segurar água.
Ontem, Bento Albuquerque, Ministro das Minas e Energia, disse que “a crise hídrica não tem data para terminar”, o que indica que mesmo a chegada das chuvas em novembro não tem a expectativas de que sejam abundantes o suficiente para recuperar-se minimamente o nível dos reservatórios.
A natureza cobra seu preço. Mas é lenta.
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